quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Last kiss

Comprei caixas. Além das mudanças que me propûs a fazer no meu quarto e em mim, final de período. Hora de encaixotar em seus devidos lugares o que já passou e colocar num espaço acessível para (e se) quando eu precisar, um dia. Tudo devidamente dividido. Literaturas e culturas brasileira e portuguesa e prática de interpretação numa caixa. Línguas portuguesa, lingüísticas, latim e práticas de produção em outra; teorias da literatura (incluindo teoria da literatura e filosofia), filosofia da linguagem e literatura clássica em uma terceira caixa e finalmente, outra só para as matérias de licenciatura. Alemão, filologia germânica e literaturas alemãs ficam separados.
Tenho coisas para jogar fora, para dispensar. Tenho pouco tempo a perder, mas penso de pouquinho em pouquinho. Só ir comer algo e tomar uma cerveja, mais um pouquinho de tempo. Voltar a andar pelos mesmos caminhos sinuosos de outrora. Não ouvir às minhas lágrimas e aos meus amigos e insistir numa última vez.
Minha irmã costuma dizer que minha vida é praticamente feita de últimas vezes. É como se fosse a imagem mais forte que tenho da vida: a última vez. E eu prolongo e faço de quase todas as vezes (inclusive da primeira) uma última. Algo que sempre deixará em mim, uma saudade eterna, como se fora a última vez que eu visse a pessoa amada partir mar adentro rumo à morte d´água.
Uma vez que a última vez, se torna, de fato última e definitiva, o definitivo assume todo o seu significado. Não há volta possível. É como se um adeus fizesse uma lavagem cerebral em mim e eu perdesse minha memória. Não há nada que se compare com uma última vez.
Então eu prolongo e me agarro a elas o quanto posso, porque sei que um dia, acaba e morre.

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