domingo, fevereiro 08, 2009

Aquele lugar

Ela não se lembrava de, quando era criança, querer de fato ter sido uma noiva. Lembrava sempre da admiração e como, demorara mais de dez anos para que ela se deparasse com outro casamento, ela havia esquecido daquela sensação.
Esquecera -se de que, em um casamento, não se deseja ser a noiva. As atenções são mesmo dela e ninguém quer sê-la. Quem se atreveria tirar um sorriso daquela espécie do rosto de uma mulher? Quem sonharia em tomar para si o dia mais feliz da vida de alguém? Era questão de segundos, uns três, dois minutos no máximo o momento em que o cortejo havia parado de passar para dar espaço à noiva. E lá estava ela, sorrindo aquele sorriso, olhando para todos com aquele olhar benevolente de agradecimento por estarem ali, compartilhando daquele momento com ela.
Momento este em que, todos se tornam um pouco noivos, ansiosos e transbordantes por nunca terem visto aquela mulher tão linda como naquele dia. Fatalmente, subiriam-lhes lágrimas aos olhos, que custava-lhes não deixar cair.
Lembrara-se então, de que, quando era criança, nunca quis aquele lugar. Mas era atraída como inseto à luz para a noiva. Andava por atrás dela a noite inteira em encantamento veemente, querendo para si somente um pouco daquele brilho, um tasquinho daquela mulher, queria-a quase toda para si, naquele vestido branco enorme, com aquela aura prateada.
Nuca quis aquele lugar...

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