terça-feira, outubro 02, 2007

Sie

Gostaria de saber, como era antes, como se dava antes. Ou talvez, quem sabe, fosse para uma biblioteca qualquer de ciências sociais ou aproveitaria o súbito tempo livre que já lhe era limitado e tinha data marcada para pesquisar na biblioteca nacional as sociedades cujo modo de organização do território ou de jurisdição era, nem que fosse somente a priori, um matriarcado. Nada de lendas, uma verdadeira sociedade em que mulheres desempenhassem um papel que lhes valesse.
Dera se conta, lendo, que, desde o princípio fora assim, esta necessidade de tê-las como meretrizes que com seus "olhares de cigana, oblíquos e dissimulados", seduziam e mentiam e faziam besteiras homéricas que não apenas tinham consequências normais ou uma pena mais forte como a morte. Não. Mulheres como ela, e ela se encaixava na categoria destas, as fucked up ones, as screwers. Mulheres que, como Eva e Pandora não apenas fizeram uma besteira mas fizeram a besteira do século, do universo, mudaram o rumo, o destino do mundo e da humanidade.
Nunca havia lido a bíblia mas sabia que, fora por causa de Eva que lhe foram destinadas aquelas dores no baixo ventre terríveis que sentia todos os meses, as dores que, muitas vezes a impediam de sair da cama mesmo tendo que ouvir de todos quantos a cercavam para parar de melindres, de meninice, que aquilo já não eram modos de se comportar. E pagava os pecados do mundo. Havia aberto a caixa, agora, somente lhe restavam os males.
Hedionda, prostituta, sedutora, era mulher. Mulher daquele tempo e que andava com a cabeça erguida, como tantas outras, até que fosse guilhotinada por excesso de ser-se um algo in between.
Não se admite, sua atitude tão passiva com relação à vida, em si e aquela tirania com relação às pessoas.Ela é do tipo que olha para trás, olha nos olhos do alvo que acolheu àquelas horas e espera ser seguida.
E o é.