quarta-feira, setembro 26, 2007

Why don´t you

- Eu acho que ela não come.

Era simples, assim, começava um mito. Como tal, misturava muitas coisas, admiração por aquele ser mitológico, medode uma impossibilidade, tentativas vãs de explicar algo que parecia ser um enigma.

- Mas eu nunca vi.

Numa criação de mito, as pessoas esquecem-se até mesmo do que já viram. Tal é a força de sua fé. É esse o tanto em que precisam acreditar.
No caso dela, os demais precisavam explicar de alguma forma, aquele desinteresse surreal em tudo quanto fosse sólido e mastigável. Aquela magreza de 45 kg.
Mas como quase todo o mais, tudo são ocasiões. Não comer ou não comer muito em público, poderia ter muitas explicações melhores como, demonstrar educação, conter a gula ou até mesmo não querer que as pessoas tomem parte dos seus momentos compulsivos, onde enfiava qualquer besteira pelos dedos quase que por goela abaixo, sem sensação de saciedade, e a culpa cresceste.
Mas e o peso?
Delicadeza, fragilidade, leveza. Lavagem cerebral quando fora criança. Somente assim alcançaria certo status: as bailarinas.
Mas estava criado. Agora, parecia pior, parecia vigiada de perto quase num voyerismo as avessas.

- Eu quero ver você colocar alguma coisa na boca.

e tudo que lá fosse parar, seria dolorosamente consciente.