quarta-feira, janeiro 31, 2007

Tudo tende ao zero absoluto

- Querida, está tudo bem com você?

Desde o Pedro, eu nunca mais conseguir responder essa pergunta normalmente. Eu sempre lembro dele falando que não quer saber de resposta padrão. Foi aí que eu comecei a ser criativa nas minhas respostas, foi aí que eu comecei a escerever sobre, desenvolver coisas cada vez maiores pra responder um simples " está tudo bem", porque , pensando bem, na verdade, quando é que realmente está tudo bem? Quantas vezes o "tá" da resposta é puramente automático, tanto que você nem se sente dizendo? Sem for parar pra pensar nisso... daí eu comecei a parar de responder direito.
Já começou errado. Recebeu resposta automática, além de uma mentira deslavada de alguém que não se deu nem ao trabalho de tirar o nariz de dentro do caderno de português: "tá".
- Você nunca mais me escreveu.
E deu vontade de dizer que, bem, não era muito bem pra ele que eu escrevia. Eu escrevia, ele lia de 3 em 3 dias, durante um pouco mais de duas semanas. Nada ali era dele.Essa eu pude ignorar, veio outra pergunta logo depois, tão indelicada quanto a primeira.
Ele que não me entedesse mal. Existem certas pessoas que de olhar, você já sabe a importância que terão. Eu sempre soube que quem me faria sentar e começar, seria ele. Além do que, mesmo que nada disso houvesse acontecido, o Marcus foi responsável pelas aulas mais líricas que eu tive naquele bloco de concreto em um ano.Pouco importa que ele seja "categórico demais", a suposta homossexualidade ou o fato dele falar mal dos alemães toda a aula. Depois de um tempo, a gente aprende o que é sério e o que precisa passar pelo nosso filtro.
Falta isso lá nas letras, falta o lirismo que a gente chega procurando. Além do que, ele é meu futuro professor de literatura portuguesa. Não seria inteligente, no mínimo, desgostar dele.
Como dizer que, eu não tenho escrito e ponto? Nem pra você, professor, nem pra mim, nem pra supostos destinatários. Engraçado como se passa do tudo criativo, de a cada vez que se senta no computador ou na máquina, escrever, no mínimo duas páginas de "passagens belíssimas e arranjos muito bem feitos" pro nada, pro zero absoluto? Não é que a inspiração tenha acabado, ou talvez tenha, porque, nem só de inspiração vivem os escritores, não é?
Era tudo tão contínuo, tinha um fluxo tão demarcado e eu parecia saber pra onde estava indo que quando, se qualquer coisinha acontece, e a gente se perde, parece que perde também o referencial, ou no meu caso, a sensação de que tenho que dizer alguma coisa, agora.
Eu nem estava preocupada com respostas, mas tinha muita coisa a dizer, mas as letras começaram a dançar, brincar e trocar de lugar; a janela começou a ficar mais interessante.
E eu deixei tudo pra lá. Qualquer coisa, diários e paredes estarão sempre atentos.
É que eu pensava muitas coisas, mas, esse meu "água viva", parece que acontece diferente. O vasto, não vai durar.

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