sábado, setembro 24, 2005

On the bridge


coroa
Originally uploaded by
mayralopes.
Não consigo decidir se o telefone fica ou não ligado. Foi ele quem me acordou, mas não foi ele quem me deixou sem sono.
“ Quero ficar no teu corpo feito tatuagem”
Há certas coisas que você põe as duas mãos no fogo achando que nunca vão acontecer. Nunca achei que fosse ouvir “alguém” cantando o verso acima, como também nunca imaginei que o meu dia todo de quarta –feira fosse, um dia, acontecer.
Pois é, subi na ponte. É uma coisa perigosa essa, esse verso maldito mil vezes por mim não saí mais da minha cabeça, assim como as tuas unhas nas minhas costas e o teu cheiro, e o teu ritmo, que na verdade nunca esqueci. Não saí da minha cabeça a demora e a urgência como tudo aconteceu e o que você pediu pra mim, fazendo questão de dizer “Mayra” antes. Eu fiz, eu faço. E agora tanto meu nome como meu apelido ecoam na minha cabeça na voz já conhecida, na maneira já conhecida ( e ouso dizer, esquecida).
Queria que você tivesse me largado sozinha e não fosse me levar até o portão, queria que você não tivesse me beijado a testa, e não dissesse meu nome, queria que você não tivesse perguntado o que eu estava pensando e eu queria ter te queimado. Queria que você dissesse alguma coisa, enfim...
Dois anos...dois anos e agora estou de novo indo em direção à ponte. Nunca me ligaram tanto, numa tarde. Eram meus anjos todos tentando evitar o que estava prestes a acontecer, mas era tarde demais, eu já havia me iniciado na ponte, e agora...a cada hora, dou tímidos passinhos milimetricamente descontrolados em direção ao meio da ponte. Paro desesperada por estar fazendo isso, mas sinto que alguém me empurra. De um lado da ponte, você. Longinquamente do outro lado, mal posso avistar, "ele". Ninguém me empurra a ele, e eu não consigo ouvir nenhum chamado dele, creio que talvez esteja mudo, ignorando que eu esteja indo. O fato é que, estou, contra a vontade, mas estou.

3 comentários:

fernanda disse...

até que me seja enfim revelado que a vida em mim não tem meu nome.

clarice lispector in "a paixão segundo g.h.".

se você lesse esse livro inteiro, você ia se identificar. é a mulher à beira do precipício, precipitando-se frente ao nada, ao neutro e ao desterrador.
isso para ela é purificante, embora escatológico, uma vez que para chegar lá ela tenha precisado comer uma barata.

ai, sei lá, lê o livro.

:*

ps: eu tô querendo atualizar há muito tempo, mas estou muito sem tempo para sentar a bunda na cadeira e escrever sem o msn atrapalhando minha vida.

Anônimo disse...

*li mas fiquei sem saber o que comentar no blog*
=***

fernanda disse...

mas não é por nada não, mas eu dô mais pinta porque eu sou mais fancha.
hoho.