Estava pensativa porque encontrei um ele na rua, que me perguntou: e aí, escrevendo muito? e eu tive que responder que não. Antigamente eu ainda dava de desculpa que não tinha tempo. Ultimamente, tenho tempo mas tenho vida também. Tenho tempo, mas tenho o ócio que me agarra pelos cabelos e me abraça e se não há quem me cobre, eu não faço. No final do primeiro período da faculdade, achei que ia. Tinham quase que me dado uma fórmula. Mas eu precisava mais daquela cobrança diária pra continuar indo.
Estava pensativa porque, largando tudo ao meio, tinha aberto um livro novo, que catei ano passado numa bienal junto uma Virgínia Wolf.
Abri o Cortázar e dei de cara com isto:
"Esses mucos mentais é que me arrebentam.
Os japoneses também assoam no papel. "Diá-
rio de vida", vida de diário. Coitado, vai acabar
falando diarês. Aliás, já fala de vez em quando."*
Outro livro de diário. Outra justificativa de escrevo. Por que e como escrevo. Por que escrevo. Parece que todo mundo que escreve precisa ficar eternamente se justificando. Não lembro de ficar lendo justificativas non- stop de quem pinta ou de quem faz música ou qualquer outra forma de arte. Mas escrever? Parece que temos que ficar o tempo todo pedindo desculpas ao mundo por ser tudo muito de frente. Ainda que as metáforas, o mundo segundo Mayra Lopes, Julio Cortázar, Friedrich Schiller está muito escancarado pra quem quiser ler, sem cores pastéis pra disfarçar. Eu não tenho paciência pra saber por que um Santiago Nazarian da vida escreve. Não tenho nem mais paciencia pra ler os motivos da Clarice Lispector. Agora, se for de Cortázar e Miller eu sento na cama e leio. E depois, venho pra cá. Me justificar que depois deles, eu preciso abrir a boca. São os mucos mentais. Eles escorrem.
Os japoneses também assoam no papel. "Diá-
rio de vida", vida de diário. Coitado, vai acabar
falando diarês. Aliás, já fala de vez em quando."*
Outro livro de diário. Outra justificativa de escrevo. Por que e como escrevo. Por que escrevo. Parece que todo mundo que escreve precisa ficar eternamente se justificando. Não lembro de ficar lendo justificativas non- stop de quem pinta ou de quem faz música ou qualquer outra forma de arte. Mas escrever? Parece que temos que ficar o tempo todo pedindo desculpas ao mundo por ser tudo muito de frente. Ainda que as metáforas, o mundo segundo Mayra Lopes, Julio Cortázar, Friedrich Schiller está muito escancarado pra quem quiser ler, sem cores pastéis pra disfarçar. Eu não tenho paciência pra saber por que um Santiago Nazarian da vida escreve. Não tenho nem mais paciencia pra ler os motivos da Clarice Lispector. Agora, se for de Cortázar e Miller eu sento na cama e leio. E depois, venho pra cá. Me justificar que depois deles, eu preciso abrir a boca. São os mucos mentais. Eles escorrem.
* Diário de Andres Fava
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