terça-feira, junho 17, 2008

Hoje saltara em frente. Durante meses e meses tentara evitar um pedaço de história que está perto de completar um ano. Um ano que se concretizou, pouco mais de um ano que acabara de maneira um tanto quanto trágica. Sem mortos mas com feridas intensas naquela em que fora ferida.
Não fora ela. Pela primeira vez na vida atravessava com ponta de espada no que prentendia ser um golpe único. Sim, cabia lhe dizer que fora premeditado em todas as vírgulas, em cada oscilação de dúvida e raiva na sua voz.
Tão premeditado como também o começo o fora. Tudo aquilo havia acontecido apenas porque ela se sentia sozinha e na verdade, não havia nada melhor a fazer.
Agora passava os dias fugindo da bicicleta cromada que vê, como fantasma, estacionada em qualquer esquina da Praia de Botafogo.
Havia, desde o início tudo de contra. Falta de conexão intelectual e expectativas de vida muito diferentes. Uma sonhava com uma vida a outra já tinha atingido um patamar que se contentava em chamar de seu mas que não passava de uma adolescente com mais de trinta anos dependendo do pai ainda, só que em outro Estado. Falta de maturidade de uma pessoa dez anos mais velha. Mentiras desde o início.
Logo quando se conheceram, num segundo encontro, a outra perguntara de maneira envergonhada do que é que ela gostava. Após responder exatamente o que ela queria ouvir, ouvira dela a resposta de que, se ela fosse bi, não haveria nem conversa. Isso, seguido de uma claustrofobia, quase repulsa ao apartamento e a uma intensa frustração sexual levaram àquela noite.
Fora feita de ferro, fora armada.A tudo respondia decidida cheia de nãos. Enquanto uma mulher ali, jogada no chão pedindo, implorando que não fizesse aquilo, que ela o amava. E saber tão lucidamente que aquilo não era de fato amor, era primordialmente o que mais a irritava.Uma pessoa de trinta e dois anos não sabendo como usar a palavra amor numa sentença que o valha. Confundindo-o com o gostar da idéia de amar.
Destas, ela sempre fora pedestal e justamente estas, descartou-as. Não queria alguém que vivesse de rastro.
Arrebatou com a resposta que quase lhe valera um tapa: Se eu quisesse viver na realidade...

3 comentários:

Bruna Maria disse...

Esse texto me lembrou um outro texto seu, acho que o título é "Não mais que uma menininha" e que, na minha opinião, é maravilhoso, um dos melhores que já li.
"Uma pessoa de trinta e dois anos não sabendo como usar a palavra amor numa sentença que o valha. Confundindo-o com o gostar da idéia de amar."
Gosta dessa sua lucidez. Aponta com tal segurança algo que passa tão facilmente desapercebido diante de quem lida com essa palavra, "amor".
Parece um texto frio e ácido. Não sei, está tudo bem? Algo no fotolog me preocupou, e no twitter também. Repito que, se precisar de algo, e se eu puder ajudar, é só falar.

Um beijo.

fernanda disse...

eu só acho que conexão intelectual é algo muito importante...

Raven disse...

pronto, postei lah! ;p
a história eh imensa (pow, afinal, foram 12 anos)... por isso tem partes... e eu sempre esqueço de escrever... mas valeu por lembrar. ;p