domingo, maio 04, 2008

Pretérito - mais - que - Imperfeito

Nesta semana que passou, eu achei a pasta onde guardo aqueles e-mails que uma vez, decidi imprimir cada vez que eles chegavam a espaços completamente desiguais e cada vez maiores, o que os tornava cada vez mais e mais longos, fora de proposta e onde não chegava-se a conclusão alguma - se é que o objetivo era ou fora este alguma vez.
Talvez achei não seja bem o verbo certo uma vez que, eu sabia o tempo todo onde esta pasta está, eu apenas deparei-me com ela. E pela primeira vez pensei no que fazer.
Certamente quando eu decidi que aquilo não deveria ficar apenas no plano virtual, de que aquelas letras mereciam tinta e papel, eu tinha motivos. Havia ali uma história que, uma vez, eu achei necessária guardar.
Parada agora, sentada no chão, de frente para a pasta verde transparente guardada na estante, pela primeira vez, senti vontade de me desfazer daquilo tudo. Qualquer coisa (boa ou ruim) que eu tinha para tirar dali, já foi extraido, revirado pelo avesso.
Um dia eu achei, que a beleza das minhas linhas horizontas tivessem todas que ter aqueles e-mails como ponto de partida ou como guia. Eu escrevi trabalhos ficcionais em cima daquilo e daquela relação, ficcional também. Eu era infeliz e achava tudo muito bonito. Me parecia lindo dizer que eu chorava de amor não correspondido. Não era amor, assim como o você, não era você.
Hoje em dia, não quero nem reler. Eu só penso em queimar num recipiente onde leia-se: pretérito perfeito, abrir espaço para as novas letras, mais-que oficializar destinatário novo e acabar com todos os resquícios que se interponham em tempo presente. Os dois alter -egos que eu tentava explicar naquele ano, morreram.
Hoje, é Mayra quem fala.

2 comentários:

Raven disse...

ai aconteceu algo parecido comigo essa semana... ainda tô num estado de nostalgia demoníaca.. quero me livrar disso.

Bruna Maria disse...

Eu não sei o que comentar extamente, pelo receio que tenho de ter entendido equivocadamente esse post. Vou (tentar) evitar a gafe, e ver pelo universal da coisa.

Como mudamos, né? O que um dia fora lindo (choro por amor não correspondido) pode perder o sentido; os referenciais para escrever, as inspirações, ou as próprias pessoas que servem como estímulo e "paradigma" para o que tentamos produzir também mudam, inevitavelmente, de tempos em tempos; o amor sofre radicalmente o perigo de ser "o amor", de ter um duplo, não correspondente ao que é, ou ao que suponhamos seja; da mesma forma, o "você", o outro que amamos, ou desejamos, enfim. Temo dizer que *nunca* é quem achamos que seja. É um duplo apreendido por nós, e necessário de ser assim. E Mayra, não sei... mas às vezes penso que nós mesmos fazemos "duplos" de nós, de nossa personalidade (veja bem: não estou tratando de ser falso, ou enganador). Como dizer...? Não sei, mas já te ocorreu de se ver agindo com o "amor" do momento de uma forma estranha a você, sendo como uma nova pessoa na atitude, na postura, pela presença do outro ao seu lado? E mesmo já imaginou, quando se está afim de alguém (simplificando a coisa) como sendo uma pessoa diferente, como é capaz de se comportar como uma outra mulher, quando pensa numa pessoa em específico? Eu acho que ao final, nem nós mesmos escapamos aos duplos. E a vida vai funcionando assim, se bem me dê agonia, um pouco.

É bom ver a voz de Mayra: e como ela parece bem, firme, em olhar o passado e reconhecer que aquilo já não lhe pertence, ou já não funciona nos dias atuais.

Inevitavelmente, lembrei do seu trabalho. Corrija meu erro, se for, por gentileza.

Beijos!