domingo, abril 06, 2008

Gott ist tott

"O homem louco se lançou para o meio deles e trespassou-os com seu olhar: "Para onde foi Deus?", gritou ele, "já lhes direi! Nós matámo-lo — vocês e eu. Somos todos seus assassinos! Mas como fizemos isso? Como conseguimos beber inteiramente o mar? Quem nos deu a esponja para apagar o horizonte? Que fizemos nós, ao desatar a terra do seu sol? Para onde se move ela agora? Para onde nos movemos nós? Para longe de todos os sóis? Não caímos continuamente? Para trás para os lados, para a frente, em todas as direções? Existe ainda 'em cima' e 'embaixo'? Não vagamos como que através de um nada infinito? Não sentimos anoitecer eternamente? Não temos de acender lanternas de manhã? Não ouvimos o barulho dos coveiros a enterrar Deus? Não sentimos o cheiro da putrefação divina? — também os deuses apodrecem! Deus está morto! Deus continua morto! E nós matámo-los! Como nos consolar, nós assassinos entre os assassinos? O mais forte e mais sagrado que o mundo até então possuía sangrou inteiro sob os nossos punhais — quem nos limpará este sangue? Com que água poderíamos nos lavar? A grandeza desse acto não é demasiado grande para nós? Não deveríamos nós mesmos nos tornar deuses, para ao menos parecer dignos dele? Nunca houve um acto maior — e quem vier depois de nós pertencerá, por causa desse acto, a uma história mais elevada que toda a história até então!"
Nietszche in A Gaia ciência


Quase todas as aulas do andar de pedagogia são, para mim, torturantes. Eu não consigo prestar a atenção, não me envolvo com a matéria, com o professor e muito menos com as turmas. Odeio o fato deles ficarem passando trabalho em grupo numa turma em que ninguém se conhece e a gente é obrigado a socializar aleatóriamente e fazer os trabalhos aos trancos e barrancos.
A minha primeira aula de Sociologia da Educação já foi uma merda quando eu descobri que teria como colega uma das pessoas que eu mais queria apagar, uma muito infeliz jogada do destino.
E eu estava me esforçando para me sentir algo interessada, até que porque por um motivo que me foge, a professora falou algo como " E Sartre matou Deus." A minha vontade foi de gritar: Foi Nietszche quem matou Deus, sua tapada!
E fiquei com raiva porque o aluno de filosofia que tinha lá não abriu a boca para corrigi-la.
Ela é simpática, sorri com benevolência toda vez que me olha mas eu ignoro friamente. Tem que saber do que fala. Sim, porque ela repetiu a frase do Sartre umas duas vezes mais.
A matéria morreu pra mim, já. Continuo nas aulas mas pra cumprir horário, porque ela só apareceu quando eu não podia mais mudar de turma, mas eu agora sento na janela e fico olhando a ponte Rio - Niterói.

Um comentário:

Raven disse...

caraca, por essas e outras q eu me recusei a fazer licenciatura... não MESMO! HORROR! ¬¬