Não sei se é algum tipo de processo de degeneralização mental mas, ultimamente, depois de dois derrames em menos de um ano, a minha avó quando conversa com a gente e lhe perguntamos algo, começa a contar estórias. Até aí tudo bem, ela sempre as contou; lembro que quando eu era criança, eu passava horas e horas ouvindo a sua juventude de Rio Grande do Sul, que sempre me parecera tão distante.
Agora, minha avó conta estórias que nunca viveu. Ela se apropria a tal ponto, que lembra como se fosse dela: filmes, livros, romances, vivências inclusive minhas e dos meus irmãos que ela ouve e depois adapta à ela.
Não é de propósito, claro. De alguma maneira, ela realmente acha que viveu tudo aquilo. Para quem tem tanta memória, a linha entre o que é meu e o que é dos outros deve mesmo parecer confusa.
E sabe do que mais? Lá, lá no fundo, eu tenho uma pontinha de inveja. Além de se lembrar de inúmeras aventuras não vividas como sendo tão, tão dela, ela parece feliz. Bem feliz.
Um comentário:
Acho que é tudo ela estar feliz, é o mais importante.
Quanto a contar expriências como se fossem delas, com tamanha propriedade, deixa a impressão de que ela até as vive, à medida que as conta, o que torna, de alguma forma, as estórias possíveis para ela também.
(LINDA foto que você colocou aqui no blog! Muito boa!)
Beijos!!
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