Entrou voando pela janela enquanto Janaína lia.
Era só mais uma noite quente de dezembro e Janaína lia sentada no sofá, já quase sem roupas e com a televisão ligada.
Aquele barulho de inseto adentrando a sua casa lhe tirou os olhos do livro e pousou-os desconfiada no chão, prescrutando o lugar manchado.
Simulando uma calma toda que não tinha, pé ante pé, foi refugiar-se no seu quarto enquanto o inseto tentava descobrir em que cômodo da casa se instalaria. O medo, eram as asas que ele não estava usando no momento, movimentando-se apenas pelo senso contraditório que suas antenas lhe conferiam ao tentar escapar de três gatos ao mesmo tempo e do olhar da dona que, em pé na ponta da cama comandava os felinos silenciosamente com o olhar.
- Vai, dizia ela com isntinto de assassina.
E os insentivava naquela luta de sobrevivência, comprazia-se com a desorientação do inseto como uma rainha, que vê tudo do alto.
Até que o gato a pegou. Podia-se ouviras asas serem esmagadas pelos dentes predadores. Após mais alguns minutos de luta, deixou-a de lado.
Gatos de rainhas não comem baratas. Tudo pelo prazer da caça.
Um comentário:
Pareceu mesmo um prazer da caça, mas prazer sentido por Janaína. (Eu mesma confesso que, imaginando a cena, senti aquela sensação prazerosa e cheia de crime de ver um bichinho - mesmo uma barata - ser despedaçado, morto).
O início do texto me lembrou "O besouro e a rosa", de Mario de Andrade, mesmo não tendo nada a ver exatamente. Acho que a cena da leitura no sofá, e quase sem roupa, com a chegada do inseto me reacenderam alguma voluptuosidade desse conto que citei.
Beijo!
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