sábado, outubro 27, 2007

Tão

Do que foi só me resta uma maré de cansaço insaciável com lembranças intruncadas e cheiros e fomes e gozos de você.

O mal de ter aprendido a ler teus olhares fúteis é saber cada palavra que sai deles como que pronunciada. E fazia tempo, amor. Fazia tempo. Estava em falta com a inadequação mais ajustada em mim do que todas as coisas que eram para ser. Nós nunca fomos para ser e não somos mas mesmo assim, você se me encaixa em mim e me dá lugar fixo, corpo presente. Com você aqui, parece que adivinho os sentidos e sei quem sou e por que sou.
Não sou você, mas sou feita de um você que se me mostra tão. Você e eu, a exemplo dos personagens de Cortázar, somos tão.