quinta-feira, outubro 04, 2007

Sem explicações.

Quantas vezes não havia estado naquela mesma situação. Tudo escrito e devidamente encaminhado e os dedos acariciando um botão, na espera de um aperto mais vigoroso onde alguém além de si leria aquelas palavras escritas a dedos ágeis e nervosos.
Mas são só palavras...
E quedava-se naquela espera insana de cinco em cinco minutos tentando munir-se de alguma coragem para apertar, enfim, o botão.
Daqui a cinco minutos eu mando.
Passavam-se dez, quinze, meia hora e ela paralisada com o telefone que lhe pesava em mãos, estas já suadas que precisavam de quando em quando serem limpadas no casaco que fora de sua tia.
Lembrou-se das últimas palavras escritas no caderno em sua aula preferida. À lápis, querendo dizer que tratavam-se de algo off subject, ou seja que para ela, haveriam sido ou pelo menos tinham serventia à ela:
"Vou sem saber o que vai dar porque se soubesse, não ia. O conforto do medo é melhor do que a angústia de decidir fazer."
Foi. Fora carregada impulsivamente e desligara o telefone assim que o fizera.
Calma, um passo de cada vez. Agora é só não pensar no que de pior pode lhe acontecer.
Pense no melhor, que ele, agora, tem a semente, e você continuará sendo seguida ao deitar-lhe o olhar.
Não nascera para agir à Pollyanna. Uma tropa rugia no peito ao som de alucinações com a música eletrônica que lhe servia de toque para o celular.