É daquelas que não comem, eu sei que é. Por isso é magra desse jeito. Está escrito em sua cara a vida de excesso que insite em levar. Não se sabe porque. Ela até parece feliz. Sempre tem tudo na mão e continua chorando justamente por aquilo que não tem.
Como se fizesse muita falta.
Pequena, tão pequena. As pessoas acham que ela precisa ser cuidada e a resposta é quase sempre uma forma de agir arredia, de quem não quer saber, de quem não liga.
No fundo, talvez ligue.
Acha que tem febre mas não tem febre não, é tudo criancisse acumulada, reprimida. Aquela parte dela que insiste em não crescer, em não lhe acompanhar como o resto. Ela se cansa das responsabilidades, começa a achar a vida chata demais e se esquece.
Esquece de si.
Entretanto, nada lhe da a consolação necessária, por isso, cada vez menos quer saber de mãos em sua cintura. Elas além de não fazerem a menor diferença, só atrapalham. e só atrapalaham mesmo. Não que seja incômod dividir-se, o problema é simplesmente quando não há divisão, nem troca. Você simplesmente só arranja mais uma pessoa para cuidar, seria mais ou menos como se fosse um bebê, se você não precisasse também comer a pessoa. As vezes, sente um fardo.
É certamente daquelas que não comem. Sente sempre o estômago revolver se em tentativas e culpas. Será?
Mas eu nunca vi.
Há quem diga, que nunca a viu colocando coisa na boca. O faz, eventualmente, se necessário.