quarta-feira, agosto 01, 2007

I wonder...

Estava outro dia pensando numa coisa... passei pela (não sei a quantas andam, porque na verdade, nem conto mais) frente de um homem. Homem esse que me canta na rua faz uns quatro anos. Ele tem uma barraquinha (camelô) onde vende santos de madeira. São bonitos, até, mas eu não enfeitaria minha casa com santos. Minha religiosidade se foi junto com o caminho que a hóstia percorreu na minha primeira comunhão.

Mas voltando ao assunto, antigamente, ele ficava na Dona Mariana, rua em que eu morava, mas num quarteirão diferente do meu, só que, quando eu tinha que ir ao colégio, tinha que passar por ele e todo dia ele me cantava. Todo dia a mesma coisa. E como ele sempre começava com bom dia/boa tarde/boa noite, se eu tivesse de bom humor, eu respondia. Senão, não. Com o tempo, eu passei a ignorar. Um tempo depois, ainda, eu passei a olhar pra ele de cara feia. Mas ele nem se abalava. Ainda me chamava de " meu amor" como se eu fosse a menina mais doce do mundo. O que sempre me irritou é o direito que ele se dá de usar um pronome possessivo para se dirigir a mim.

Ele não é feio. Alto, branco, cabelos e olhos castanho escuros e parando pra pensar, agora, acho que ele está sempre com uma jaqueta jeans. Até que não se veste mal. Ele me lebra um ator, até. Um desses coadjuvantes globais que ninguém sabe o nome. Eu sorri para ele uma única vez. Um dia que passei por ele no meu aniversário, estava bem arrumada, ia sair. Ele me viu e exclamou: " Mas você está linda hoje!!!". Era meu aniversário, eu estava feliz, joguei o sorriso e fui-me embora.

Ele mudou de ponto. Agora ele fica na Voluntários, que ironicamente, é a rua em que resido atualmente. Outro dia, passei por ele e como de costume, ele falou comigo.

Então pensei: se me desse um surto e eu respondesse "bom dia/boa tarde/boa noite, tudo bem?" Primeiro, eu queria ver a reação dele. Queria ver o que falaria logo em seguida. Após quatro anos, ele já deve ter ensaiado algumas vezes para o momento em que eu resolvesse dizer algo.
Segundo: supondo uma suspensão momentânea da minha razão e eu caísse na cantada e resolvesse sair com ele. Para onde ele ia me levar, ia me levar para fazer o quê? Ir no cinema? Num restaurante ou no bar da esquina?
Existe entre eu e ele um gap tão grande que qualquer suposição que se faça naõ passará de ficção.

2 comentários:

Bruna Maria disse...

"O que sempre me irritou é o direito que ele se dá de usar um pronome possessivo para se dirigir a mim."

Muito bom! Isso parece mesmo incomodar. Eu não sei como funciona o mundo masculino para não se importar com tanta insistência e falta de retorno da sua parte. No fundo, ele deve esperar mesmo que um dia você responda.
Perseverança, né...

Beijos!

Raven disse...

acho que ele nunca imaginou, nem imagina, que vc vá algum dia respondê-lo. portanto, é isso aí mesmo. é apenas uma fantasia. e isso talvez faça o dia dele ser mais feliz.

pense nisto. ;)