As minhas férias sãos quase as únicas que continuam até o final do mês. Eu sou uma das poucas pessoas que conheço que, a essas alturas não tem absolutamente nada para fazer. Estágio, aulas e estudos interrompidos. Uns livros que não deixam-me cair num esquecimento de tudo o que faço e mais nada. Algumas atividades vazias e muito thinkin´.
Nada com o qual eu já não esteja acostumada.
Mas vamos ao motivo que trouxe minhas mãos para o teclado. Sim, eu, inevitavelmente, depois de bastante tempo esticado em entrelinhas ora incompreensíveis ora hiper- explícitas, estou jogando a merda no ventilador.
A gente reclama muito. E por a gente, eu englobo a mim e todo mundo que tem essa coceira nas mãos e esses espaços virtuais ilimitados para deitar-mo-nos em reclamações, dia após dias, post após post, teclada após teclada. E praticamente só o que sabemos fazer. A gente tem uma capacidade inacreditável de ver o errado: em nós, nos nossos relacionamentos, no mundo... E uma mais inacreditável ainda incapacidade de nos colocarmos em um caminho algo "certo". Isso, supondo que certo seja algo que realmente exista.
Hoje, finalmente, it hit me. Tem gente que simplesmente não quer. Tem gente que parece que tudo o que quer fazer na vida, é reclamar, se lamentar, dizer, clamar a Deus e perguntar: mas por que foi que me abandonastes? Seja Deus esse ser dito superior, onipresente e inacessível ou um cantor, uma banda de rock, uma personalidade qualquer que dita milhares de opiniões. Sabe, gente que fica se apegando a relacionamentos e pessoas do passado, achando que ali estiveram seus reais momentos de felicidade, quando, a única coisa que dava essa impressão, era conviver com uma pessoa extremamente opressora, cheia de demands, viver assim, em segundo lugar, à sombra de uma pessoa que auto - intitula-se mais bonita e interessante, melhor. É fácil. Não dá trabalho não ser notado. As pessoas ficam stuck nesse passado, achando que isso que era vida, sentindo sau-da-des. Saudades de quê? De não ser nada?
Tem gente que gasta um tempo absurdo de achando o cocô do mundo e surpresa! Nunca têm tempo ou discernimento para enxergar que right beside, tem uma pessoa pronta. Digo realmente ali, só esperando para mostrar que aquela pessoa é um verdadeiro mundo, do material mais fascinante que haja. Uma mente em que seria ótimo passar tardes, noites, madrugadas e manhãs inteiras delicadamente desvendando, cada pedacinho, com uma supresa maior que a outras. Não necessariamente melhor mais aceitas como parte integrante Daquele ser. Material mais fascinante, estende-se também, por mais que se pense ao contrário, ao exterior, aquilo que, principalmente, a tal pessoa não dá o menor valor talvez porque também nunca tenha visto alguém que desse, de fato; porque, encontrar, já encontrou, apenas não sabe disso.
Sim, porque, enquanto isso, existem pessoas que realmente se esforçam, o tempo todo, para serem constantemente delicadas, fofas e engraçadinhas. Mas é só isso... é distração, faz bem para o ego, de alguma forma, que existam pessoas delicadas, fofas e engraçadinhas, ainda que não se pare para pensar que essas pessoas, possivelmente são aquelas que têm uma compreensão desse outro a que tentam agradar, chamar a atençaõ de maneira tão suave.
É clichê. Filme de sessão da tarde, praticamente. Mas num olhar mais atento, até esses personagens parecem imensamente belos e felizes. E não falo da beleza hollywoodiana, de cabelos loiros e olhos claros mas daquela beleza de ter alguém que te puxa para o espelho e diz: você é a pessoa mais bonita que eu conheço (mesmo que aos olhos do resto do mundo, não seja). E consegue convencer-se disso.
" Eu fiz de tudo pra você perceber que era eu"
Ufa...
Será que agora passa?
(listening : And then you kissed me - The Cardigans + A flor - Los Hermanos)
2 comentários:
Você tem razão: a gente reclama muito. Mas vamos combinar que reclamar é muito mais fácil que qualquer outra coisa. Talvez não seja muito agradável de fazer - ficar achando que as coisas não saem do jeito que deveriam - mas é prático. A gente senta, começa a perceber tudo aquilo que está o oposto do que consideramos que devia ser legal, e lá estamos nós escrevendo, achando que tudo está uma grande droga, que nada acontece, que não aparece ninguém ou nenhuma situação para acabar com a monotonia dos acontecimentos vulgares.
É bem mais difícil, na minha opiião, sair às ruas com a coragem de perceber que as coisas podem sim acontecer. Reclamar não exige muita coragem, na verdade, parece bem cômodo. É quase uma inércia, esperar que alguma coisa aconteça mas sem se mexer muito para isso - e é claro que aqui eu trato da forma como enetndi o texto, como se quem reclama não corresse assim tanto atrás de mudanças ou ainda pior: não percebesse que mais perto do que parece há *o* diferencial, *a* pessoa, *a* situação.
Agora, tem também o apego ao passado que você menciona e que te dá razão. Tem passados que nem são isso tudo e que a gente se põe a achar que era mágico, que era bom, que era ideal. Uma espécie de necessidade de acreditar que viveu algo insuperável. Coisa que trava possibilidades de presentes e futuros, coisa que acaba por se tornar nada saudável. Olha, vou dizer que adorei isso, eu vou reler umas dez vezes para ver se guardo bem a intenção das suas palavras.
Nesse mix de informações, eu penso: às vezes a gente não quer se mexer, e mesmo que até desconfie que haja, bem ao lado, alguém pronto, a gente se fecha, se encolhe todo, porque isso vai fazer um movimento, pode deslocar coisas que estão tão comodamente descansadas.
Bom, parece que o texto tem muito mais do que o meu comentário possa abarcar... gostei dele, apesar da minha interpretação provavelmente ser totalmente exterior à natureza dos fatos.
Beijos!!!
pois é, eu concordo. e o que é esse texto a não ser também ele uma grandíssima reclamação?
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