domingo, julho 22, 2007

No we in a couple

Passara inclusive os momentos em conjunto com aquele turbilhão moral fervilhando na cabeça. Talvez sua alergia fosse uma maneira de lhe dizer que era errado, fazia tudo errado. Aquela sensação de culpa embalada na de pecado e crimes contra a ética implícita nas relações humanas.
É necessário respeitar os outros e suas posses, mesmo quem não se conheça, mesmo com quem não se troque mais do que cumprimentos vazios, mesmo e principalmente com quem não se gosta. É isso que fazem as pessoas virtuosas.
Ela sempre havia duvidado dessas qualidades que se davam às pessoas. Virtudes. Parecia-lhe algo celestial, quase divino. Quem somos nós para termos virtudes em vida?
E ela, como os demais, não passava de uma pessoa.
Nós já nascemos pecadores por excelência, não acreditamos, não salvaremos ninguém, pelo contrário, a única coisa que faremos é crucificar. Crucificar inclusive aqueles que tentam nos salvar.
E mesmo pensando tudo isso não parava nem por um instante de desejar. E esperar que fosse chegada a hora daquilo que tacitamente havia sido imposto àquela visita inusitada.
Por que haveria de ter que sentir qualquer consternação que fosse de estar apenas tomando para si o que era seu há tanto tempo, já?
A primordial, a oficial, a loira, via as pessoas como se fossem posses. Aquela pessoa pertencia e ela se sentia pertencente aquela pessoa.
Já ela não, a outra não. O que era seu eram os momentos. Era o cheiro acre, a diversão era toda sua. Ela não pretendia resgatar lágrimas ou histórias do passado. Tudo se resumia a simplesmente um encontro entre duas pessoas que mantém uma eternidade de intimidade sem posses, sem cobranças e sem sofrimentos.
Acontece tudo de maneira rápida e nova, até. Livres de qualquer futuro que os comprometesse consigos mesmos, largaram-se um ao outro. O que era de alguém era somente a hora, os móveis do quarto, as urgências.
Depois, algumas besteiras antes de dormir.
Nós, é uma palavra que não se pronuncia.

Um comentário:

Bruna Maria disse...

É. Parece simples isso de não haver nós. Não haver possessões, que são, geralmente, doentias, motivam discórdias, confusões, climinhas péssimos. Me fez lembrar uma fase minha, apesar de seu post parecer muito distante do que me aconteceu já que eu, na estória, nem os momentos, nem os móveis, nem nada eu possuía, além de um sentimento não correspondido - arg. Mas me fez lembrar porque vi aqui três pessoas, três contatos. E uma coisa de delicado nisso.

Gosto da parte das virtudes. Bela sacada essa das virtudes soarem como divinas. É difícil mesmo tê-las. Como bem diz o texto, somo pessoas.

Um beijo!