Era uma tarde de chuva que se passava toda por dentro de um ônibus, botafogo, às quatro da tarde, ou mais. Entrou uma menina, no máximo com seus desessete anos, talvez não passasse dos quinze. Estava uniformizada, o uniforme padrão do Pedro II, de saia inclusive, apesar do frio. Fora isso, vestia um blaser preto, risca de giz, naturalmente parte de algum terno feminino, nos pés, all star, todo preto. O fichário, que levava na mão também, todo preto. e uma bolsa branca de pano pendurada em um dos ombros, meio cheia, meio vazia.
A pele era tão branca que quase competia com a cor da camisa de tecido fino e transparente, os cabelos castanho clarissimos num corte chanel, com pontas maiores sobre o rosto, olhos grandes e claros.
Chamava atenção do ônibus inteiro, não havia pessoa que não olhasse admirada.
Sentou-se após uma entrada cambaleante e, de vez em quando olhava à sua volta, como que em busca dos olhares perdidos nela mesma.
Não abriu a boca uma só vez, não demostrava nenhuma surpresa em ser desejada. Apenas aceitava com um jeito de que aquilo tudo era muito natural, e cansativo.
Saltou no Flamengo, e não olhou pra trás. O ônibus voltou a ser ônibus,e só.
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