quarta-feira, dezembro 21, 2005

A província do Rio de Janeiro

O Rio de Janeiro é uma cidade engraçada. Seus conterrâneos mais engraçados ainda.
Nós, os cariocas, somos capazes de andar no mesmo calçadão que uma pessoa do calibre de Chico Buarque ( gênio, Deus, praticamente) sem fazer qualquer menção de estardalhaço, sem se jogar na frente dele, ou qualquer macaquice do gênero. O motivo pelo qual os artistas gostam tanto de morar no Rio é que, nós somos cools, tranquilissímos, simplesmente, ignoramos.
E ao mesmo tempo...o povo todo fica embasbacado diante de uma simples árovore de luz que eles colocam todo ano no meio da Lagoa.
E vira o inferno. No fim de semana, quem não tem mais o que fazer vai pra Lagoa, olhar a árvore. A lagoa fica congestionada, demora um ano pra passar por ela e aquilo lá parece uma quermesse, em plena zona sul!
Barracas de pipoca, tapioca, bebidas e até um cara passeando com algodão doce. Tem pra tudo que é gosto. Alguém pode por favor me explicar qual é a graça?
Ai, as vezes até nós conseguimos ser tão provincianos...

2 comentários:

Mariana Casals disse...

sim, somos mesmo muito provincianos....

(desculpe, mas eu tô com muito sono pra pensar em outra coisa melhor a dizer. depois eu leio com mais calma e comento melhor)

Anônimo disse...

Oh, mas que coisa!

Você não conhece a beleza do provincianismo!

Você precisa deixar de assistir Matrix e literatura de cidade grande pra passar a ler Gabriel García Márquez. Não me entenda mal, quem sou eu pra te dar aula de literatura... Mas acontece que García Márquez é literatura de província e por isso é a coisa mais bela que existe.
Num livro dele você vai se encantar com uma cidade que pára quando o circo chega ou quando vê música. E a cidade que parou pra ver a mulher que ganhou uma vitrola? Os músicos, os comerciantes, os milionários excêntricos, o sobrenatural: cada coisa absurda para "a minha gente sofrida"*

E os meus sentimentos, como podem te convencer? Sabe, eu sou apaixonado por garotas assim. A Nathália mora quase numa província (em Santa Cruz) e sequer pode ir muito longe de casa. Se a conhecesse, tenho certeza de que ia apreciar o provincianismo dela, expresso naqueles olhos e naquela inocência atípica (não no sentido moral). São pessoas totalmente diferentes e menos pragmáticas.
Aliás, a Nathália ama 'Cem Anos de Solidão' e o Gabriel. (espero que ela me ame também haha)

*E já que você citou Chico Buarque: Estava à toa na vida, o meu amor me chamou, pra ver a banda passar, cantando coisas de amor...

Abra seus olhos! (=